NA MARGEM DO TEMPO
Ouvem-se sirenes no peito calado
Tem gente morrendo de fome e de fé
O amor virou lucro em dado rodado
E o tempo é um tiro que nunca dá ré
Na vitrine, vendem paz em abraço
Enquanto o poeta apodrece em silêncio
Mas meu grito é tambor, meu suor é canção
Sou revolta que dança no fim do consenso
Sou a margem do tempo, o sorriso sangrando
A revolta elegante, o desejo rasgando
O Brasil que resiste, que ama e se ferra
Um navio sem porto cruzando essa terra
Dizem que o paraíso é dos bons e dos calmos
Mas eu vejo o inferno nos olhos mais claros
Tem mulher na trincheira, tem pretos e indígenas nos becos
E um deus que se cala entre prédios tão caros
Meu corpo é bandeira rasgada e remendada
Minha alma é acesa, não vive de esmola
Desobedecer é o verbo da estrada
E meu coração, um punhal na sacola
Sou a margem do tempo, o sorriso sangrando
A revolta elegante, o desejo rasgando
O Brasil que resiste, que ama e se ferra
Um navio sem porto cruzando essa terra
Fui Belchior em um mundo sem cômodos
Sou Cazuza escancarando verdade secretas
Fui Elis engolindo mágoas e aplausos
Sou Raul, anos-luz e convexo
Fui Tim Maia, querer-aquebrantado
Sou Preta no grito que rasga e não cala
Fui Chico: palavra que fere e abraça
Sou Renato: amor em ruínas e graça
Sou você… sonhador...
Fui Maysa em um mundo sem cômodos
Sou Rita escancarando verdade secretas
Fui Caetano mágoas e aplausos
Sou Taiguara, anos-luz e convexo
Fui Gal, querer-aquebrantado
Sou Ney no grito que rasga e não cala
Fui Cássia: palavra que fere e abraça
Sou Catto: amor em ruínas e graça
Sou você… sonhador...
Site Franklin Mano
Enviado por Site Franklin Mano em 24/07/2025