Site Franklin Mano 77.132.156 Acessos
SEJA UM HERÓI, SALVE VIDAS. DOE SANGUE, MEDULA ÓSSEA E ÓRGÃOS.
Textos

ENTRE A BREVIDADE E A ETERNIDADE...

Há dias em que o espírito protesta, cansado do excesso — e é nesse cansaço que, às vezes, nasce a lucidez mental.

O homem ideológico e dogmático, demolidor natural de pontes e admirador de abismos, vive distraído entre ruínas arquitetônicas e relógios imprecisos, colocando culpa, ansiedade e frustração em suas experiências cotidianas.

Mas, para alguns, há um instante — raro e imperdoável — em que ele percebe: viver não é administrar ou acumular horas; é imantar o tempo de sentido, é garimpar o efêmero.

Pouquíssimos conseguem compreender que é preciso rasgar as vestes da rotina e, nu diante do existir, perguntar-se de forma minuciosa e lúcida:

Quantos segundos do meu dia resistirão à decomposição da afetividade, da reputação e das memórias após minha partida? Terei direito e privilégio ao esquecimento, ou serei condenado e seguirei violado no campo de concentração dos lembrados?

O essencial não grita nem sussurra. Mas habita o olhar que se demora, o gesto que redime, o silêncio que educa. Nos resquícios primitivos de sensibilidade que carregamos — daqueles que almejaram, sem prerrogativas, a eternidade.

Libertar-se não é romper correntes — é cessar a servidão ao que não oferta liberdade. Mas é preciso compreender: muitos dos que clamam por liberdade nutrem, no fundo, a ambição feroz de também serem escravocratas.

Poucos escolhem a simplicidade, porque escolher o essencial é um ato de coragem e rebeldia pedagógica; é desaprender-se institucionalmente para reaprender-se humano e, de forma agradável, integrar-se brevemente ao social.

Mas a brevidade e a eternidade — será que se medem em anos ou em intensidades?

Depois que putrefamos, o que durará mais: as heranças genéticas, as culturais ou as afetividades?

 

Site Franklin Mano
Enviado por Site Franklin Mano em 08/05/2025
Alterado em 08/05/2025
Comentários