FRAGMENTOS DE ONTEM...
O vento desenhou figuras no chão,
e a noite fez seu lençol sobre mim.
Meus pés confrontaram mapas
que ninguém mais quis seguir.
Teu sorriso, num quadro esquecido,
num salão em ruínas e festas.
Teus olhos turvos, feitos rios feridos
numa terra onde a sede é a própria lei.
Ninguém te contou que o chão cedia
e cede com sede sob o peso de um sonho ameno,
que a gente acende no peito
e esquece de apagar
porque virou amor.
Eu, que pensava ter o controle nas mãos,
descobri a fragilidade da fidelidade e das pedras do castelo.
Procurei teu cheiro em mim,
o que muda no ir e vir das esquinas.
Encontrei a solidão mais forte, vibrante e em cores tenebrosas,
que tiram cheiros e memórias boas de mim.
Teus sinais são fumaça no céu da manhã.
Eu, tão cego de pressa, raiva e medo,
confundindo promessas e relâmpagos
com beijos que já foram vividos noutros cafés da manhã.
Se o tempo cura,
por que tudo ainda dói demais?
Se o amor ampara,
por que tudo que sobrou não se reconstrói?
Será que o hoje e o amanhã
serão fragmentos de ontem,
guardados no bolso furado do tempo
que tudo separa e destrói?
Site Franklin Mano
Enviado por Site Franklin Mano em 28/04/2025