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A Educação Pública e as Escolhas dos Seus Guardiões.
É no mínimo paradoxal que educadores — os primeiros defensores naturais de uma educação pública de qualidade — apoiem políticos cujos projetos de governo, historicamente, fragilizam a escola pública, desmontam políticas educacionais consistentes e desprezam a valorização da carreira docente. Quando se vota contra aquilo que se vive na pele, os efeitos são inevitavelmente devastadores. Muitos desses políticos, mesmo se autodenominando "gestores eficientes", defendem cortes orçamentários, privatizações e reformas que sucateiam ainda mais o ensino público. E, depois, quando o salário fica defasado, não se paga o piso legal, a estrutura colapsa e o respeito pela profissão se esvai, a conta chega — dolorosa e previsível.

Outro ponto igualmente inquietante é o número expressivo de servidores públicos que matriculam seus filhos em escolas privadas. Essa prática, embora compreensível em meio ao abandono e à precarização da rede pública, também revela uma espécie de rendição silenciosa. Ao optarem por instituições privadas, muitos desses profissionais — que conhecem por dentro os dilemas da educação pública — acabam por reforçar a segregação educacional, reproduzindo um ciclo de desigualdade: escola pública para os pobres, escola privada para quem pode pagar. Trata-se de uma escolha que, mesmo individual, carrega um peso coletivo, pois retira força da luta por uma escola pública universal, equânime e de qualidade.

E o mais grave é a omissão cotidiana, quase naturalizada, diante do desmonte progressivo da educação pública. Silêncios que se repetem nas salas dos professores, nas reuniões de sindicato, nos espaços de decisão. Silêncios que não cobram, não pressionam, não resistem. Cada omissão alimenta o descaso, cada ausência de posicionamento fortalece os que querem enfraquecer o ensino público. E, assim, os educadores concursados — pilares de uma educação republicana — colhem, ano após ano, os frutos amargos da negligência coletiva: desvalorização profissional, sobrecarga de trabalho, falta de infraestrutura, e uma crescente perda de sentido na missão de ensinar.

É preciso romper esse ciclo. Lutar por educação pública é também escolher com responsabilidade, agir com coerência e não calar diante do retrocesso. O futuro da profissão — e da sociedade — depende disso.

Mas muitos preferem o sossego de um cargo comissionado, a conveniência de um contrato para um parente, a comodidade de uma readaptação para funções mais brandas — e assim se firmam os silêncios, cúmplices e convenientes, independente do município e estado brasileiro, de gestão ou tempo histórico.
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Enviado por Site Franklin Mano em 23/04/2025
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